Alice existiu de verdade
Pesquisas históricas confirmam que a icônica Alice, protagonista de Alice no País das Maravilhas, foi inspirada em uma pessoa real: Alice Liddell, filha de Henry Liddell, amigo próximo de Charles Lutwidge Dodgson, mais conhecido como Lewis Carroll. Dodgson, que era matemático, fotógrafo e escritor, desenvolveu uma amizade especial com a família Liddell, frequentemente passando tempo com as três filhas, Alice, Lorina e Edith.
A curiosidade, imaginação e personalidade da jovem Alice teriam cativado Carroll, que, durante um passeio de barco em 1862, começou a contar histórias fantásticas para entreter as meninas. Aqueles contos improvisados mais tarde se tornariam o livro publicado em 1865, eternizando Alice como um símbolo da inocência e da aventura infantil.
Além da inspiração literária, documentos e cartas da época mostram que Dodgson fotografava Alice Liddell, registrando-a em diferentes momentos de sua infância, o que reforça a ligação entre a personagem e a menina real. Embora o livro seja cheio de fantasia, muitos detalhes — como a curiosidade incessante e a coragem diante do desconhecido — refletem traços da própria Alice Liddell.
O Passeio que Deu Vida a Alice
O clássico Alice no País das Maravilhas surgiu de maneira inesperada em um dia de verão, em 4 de julho de 1862. Na data, Charles Lutwidge Dodgson — mais conhecido pelo pseudônimo Lewis Carroll — convidou três irmãs para um passeio de barco pelo rio Tâmisa: Lorina, Edith e Alice Liddell, filhas de Henry Liddell, reitor da Christ Church, em Oxford. Durante a viagem, para espantar o tédio e encantar as meninas, Carroll começou a narrar uma aventura fantástica, cheia de personagens excêntricos e situações absurdas. A pequena Alice, de apenas 10 anos, ficou tão fascinada com a história que pediu ao autor que a colocasse no papel.
Atendendo ao pedido, Carroll redigiu inicialmente o manuscrito Alice’s Adventures Under Ground, que, após revisões e novas ideias, seria publicado em 1865 com o título definitivo Alice’s Adventures in Wonderland. O episódio do barco é considerado um dos momentos mais importantes da literatura inglesa, já que deu origem a um dos contos infantis mais célebres do mundo.
Mais de 160 anos depois, o passeio pelo Tâmisa continua sendo lembrado como a faísca criadora que transformou uma simples tarde entre amigos em uma das narrativas mais duradouras e influentes da cultura mundial.
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Alice e Seus Segredos
Desde sua publicação em 1865, Alice’s Adventures in Wonderland encanta gerações, e parte de seu sucesso se deve às ilustrações icônicas de John Tenniel. Seus desenhos, detalhados e expressivos, ajudaram a dar forma à imaginação de Lewis Carroll e permanecem como referência nas versões modernas, mantendo viva a imagem de Alice e dos personagens que se tornaram símbolos da literatura infantil.
Outro detalhe curioso diz respeito à Rainha de Copas, famosa por ordenar “Cortem-lhe a cabeça!”. Apesar de sua fama de vilã impiedosa, Carroll não a criou como uma antagonista clássica, mas sim como sátira ao autoritarismo e à tirania. A personagem caricaturesca é uma crítica bem-humorada ao poder exagerado, transformando o que poderia ser um vilão temido em uma figura absurda e memorável.
Entre ilustrações marcantes e personagens cheios de camadas, Alice no País das Maravilhas mostra que a obra vai muito além da fantasia infantil: é também um reflexo da inteligência e do humor sutil de seu autor, que combinou arte e crítica social de maneira inédita para a época.
Alice Através do Espelho
Em 1871, seis anos após o sucesso de Alice’s Adventures in Wonderland, Lewis Carroll lançou a sequência Through the Looking-Glass, and What Alice Found There (Alice Através do Espelho), uma obra menos conhecida, mas igualmente fascinante. Nesta história, Alice atravessa um espelho para um mundo invertido, repleto de lógica invertida e surpresas, onde encontra personagens que se tornaram clássicos, como Tweedledee e Tweedledum.
Outro destaque da obra é o poema nonsense Jabberwocky, que exemplifica a inventividade linguística de Carroll. Com palavras criadas e imagens fantásticas, o poema continua a encantar leitores e estudiosos da literatura, sendo estudado como exemplo de criatividade e jogo de linguagem.
Embora não tenha alcançado a mesma fama imediata que o primeiro livro, Alice Através do Espelho consolidou o talento de Carroll em combinar fantasia, humor e lógica, expandindo o universo de Alice com personagens memoráveis e aventuras surpreendentes. A sequência mostra que a imaginação do autor não tinha limites, garantindo à protagonista novos mundos para explorar e leitores novos e antigos para encantar.
O poema “Jabberwocky”
O poema “Jabberwocky” é o mais famoso poema nonsense de Lewis Carroll, presente em Através do Espelho e o que Alice encontrou lá, 1871. Mistura palavras inventadas com sonoridade poética.
Jaguadarte
Era briluz. As lesmolisas touvas
roldavam e relviam nos gramilvos;
estavam mimsicais as pintalouvas,
e os momirratos davam grilvos.
“Cuidado! O Jaguadarte, meu filho!
as garras que agarram, a bocarra que morde!
Cuidado com o pássaro Júbju!
Fuja do frumioso Bandersnorte!”
Ele arrancou a espada vorpalina:
foi atrás do inimigo manxome.
Junto ao Tumtumeiro descansou,
e ficou cismando, em plúmbea meditação.
E no ufano pensamento eis que,
com olhos de fogo, o Jaguadarte
veio fuzilando pelo bosque tulgi,
e roncava enquanto vinha!
Um, dois! Um, dois! E a espada vorpalina
vai-vem, vem-vai, para cá e para lá!
Trinchou o monstro e, finda a peleja,
com a cabeça triunfante voltou galumphando.
“Matou o Jaguadarte? Abraça-me,
menino luzidio! Frabjoso dia!
Callooh! Callay!” — ele riu em seu júbilo.
Era briluz. As lesmolisas touvas
roldavam e relviam nos gramilvos;
estavam mimsicais as pintalouvas,
e os momirratos davam grilvos.
O Desafio da Animação que Virou Clássico
A produção do filme animado Alice in Wonderland, lançado pela Disney em 1951, foi longa e desafiadora, levando cinco anos para ser concluída. A complexidade da animação e a necessidade de adaptar a história surreal de Lewis Carroll para o público infantil exigiram um esforço extraordinário da equipe. Cada detalhe, das expressões dos personagens aos cenários fantásticos, foi cuidadosamente planejado para preservar o espírito do livro enquanto tornava a narrativa acessível e envolvente para crianças.
Outro detalhe interessante diz respeito à protagonista. Alice foi dublada pela atriz Kathryn Beaumont, uma jovem inglesa que estudava nos Estados Unidos. Apesar de sua origem britânica, Beaumont manteve um leve sotaque britânico na versão final, conferindo à personagem uma mistura única de autenticidade e adaptabilidade ao público americano.
Entre anos de produção meticulosa e escolhas curiosas de elenco, Alice no País das Maravilhas se tornou um marco da animação, mostrando que a combinação de talento artístico, paciência e atenção aos detalhes pode transformar uma história clássica em uma obra inesquecível para gerações.
Inspirações clássicas
O filme Alice in Wonderland, lançado pela Disney em 1951, levou para as telas a magia do livro de Lewis Carroll com um cuidado especial aos detalhes visuais. Os animadores da produção se inspiraram diretamente nas ilustrações originais de John Tenniel, o artista responsável pelos traços mais icônicos das primeiras edições. Essa escolha garantiu que os personagens mantivessem a essência de suas versões literárias, preservando características marcantes que atravessaram gerações. Assim, figuras como o Coelho Branco, o Chapeleiro Maluco e a Rainha de Copas ganharam vida na animação sem perder a ligação com o clássico vitoriano.
Além do visual, a música desempenhou papel fundamental no sucesso da obra. Canções como I’m Late, cantada pelo apressado Coelho Branco, e The Unbirthday Song, marcada pelo humor surreal do Chapeleiro e da Lebre de Março, tornaram-se clássicos da trilha sonora da Disney. No entanto, nem todas as composições chegaram ao público: várias músicas foram modificadas ou cortadas ao longo da produção, em busca de manter o ritmo leve e dinâmico do filme.
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